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terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Amor próprio


Eu me odiava.
Odiava meu cabelo que não era liso, minha pele que não era branquinha, meu nariz e meus dentes, odiava minha genética. "Bate na boca menina!" Dizia minha mãe quando eu proferia essas mesmas palavras. Mas é isso mesmo, odiava, no passado. Hoje saio distribuindo sorrisos sem me importar com as bochechas tocando na lente do óculos "maior que a cara", como diz meu pai. "Malditas bochechas gordas" Eu teria dito um tempo atrás, mas hoje? Agradeço a Deus por tê-las em meu rosto. Imagina que bizarro um rosto sem bochechas! Aprendi da pior forma possível a me amar. Caramba! Se eu não me amar, quem vai? "Sua mãe, seu pai, sua avó..." Caralho, você entendeu o que eu quis dizer né? Então.
Hoje eu amo meu sorriso torto, minhas bochechas desiguais e minha estranha covinha no queixo. Amo a pintinha que tenho no lábio superior e minhas sardinhas. Amo meus dentes grandes e meus cachos negros. Minha pele bronzeada -ou quase- não me incomoda mais e olha, sou feliz bem assim!
Gosto de me sentar com as pernas cruzadas e o notebook no colo pra massacrar o teclado em busca de algum texto que mostre tudo aquilo que sinto, gosto de pegar meus livros meio lidos e tentar terminá-los tomando uma xícara de chá, gosto dessa simplicidade do interior, de passar a noite acordada conversando com meus amigos, gosto de ficar sozinha olhando o teto e imaginando minha vida daqui uns 5, 15 anos. Gosto de planejar e de não planejar o dia de amanhã. E gosto com todo o meu coração desse ser humano mutável e dessa metamorfose toda que habita o meu ser.