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domingo, 26 de janeiro de 2014

Então respirei fundo


E por fim me senti sozinha. Senti como se nada mais pudesse tapar o buraco que sentia em meu peito. Como se nada pudesse mudar o que sinto agora.
Enxuguei as poucas lágrimas que escorriam pelo meu rosto e me sentei no chão, ao lado da cama. Me encolhi mais para tentar me esquentar e respirei fundo para afastar mais um surto. Fechei os olhos e tentei não pensar em nada, o que não adiantou. Me levantei e fui até a janela para abri-la. Eu precisava sentir o vento frio que vinha de fora. Ignorei as mensagens que chegavam a todo minuto no celular e liguei o rádio ainda mais alto. Então respirei fundo para afastar mais um surto. 
Me desviei de algumas roupas jogadas no chão e andei em direção à cozinha para pegar mais uma xícara de café. Voltei pra janela e fiquei admirando a paisagem da cidade. Prédios altos e cinzas, luzes na rua logo abaixo, ar poluído... A mesma cidade de sempre.
Abri a primeira gaveta da cômoda e peguei mais um cigarro. Havia adquirido esse vicio graças ao meu ultimo namorado, e a diversos problemas que a vida me trouxe.
Abri um caderno que estava jogado próximo à pilha de roupas e comecei mais um texto. Precisava tirar aquilo do meu peito. Toda aquela angustia, todo o rancor, a raiva, a tristeza... Precisava por isso fora de mim. 
Acordei com o despertador tocando uma de minhas músicas favoritas e percebi que estava atrasada. Corri pela casa em busca de meu casaco e sai porta à fora com meu cigarro entre os dedos. Desci a escada correndo, abri a porta e fui abraçada pelo vento frio que por ali passava.
Respirei fundo, fechei os olhos e rezei, para que nesse dia, tudo desce certo.