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quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

deixe-me fantasiar


tudo acabou tão sutilmente que quase não notei
todo o tormento durante a tempestade que passou
se foi
seria esta a calmaria após o caos?

ainda me sinto perdida
sinto que tomamos esta decisão juntos
e que doeu
mas vou fingir que doeu em nós dois
e vou fingir que tu se importou

sei que assim é melhor
se que todas as vezes em que te procurei sem obter resposta foram...
necessárias
algo está mudando
e não é apenas sobre nós
deus, por que sou tão cabeça dura?

está doendo mas sei que vai passar
sempre foi assim
sempre vivi sem ti
meu corpo está anestesiado e não sei bem a razão
perdoe meus erros

obrigada por ficar aqui comigo
obrigada por me cuidar
vou ficar bem
vai ficar tudo bem

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

não ouço mais sua voz
talvez os remédios estejam fazendo efeito
e te afastando de mim

deito em minha cama e sinto o vazio
aquilo que estava dentro de mim se espalha por todo o quarto
está frio
desejo a morte
tenho medo, sabe?

acabou? assim?
cinco comprimidos e tudo se foi
mais uma consulta, novas receitas
vamos aumentar a dose.
esquizofrenia controlada

minha alma não aceita
meus átomos desejam os seus
perdi toda a conexão mas, droga
ainda te amo
e a saudade que nunca senti por outro alguem
sinto por ti
aquele que nunca conheci

por favor, volta
seja ilusão ou realidade
volta
sei que não deveria pedir por isto, mas nunca fui muito racional
me deixa quieta, seguindo meu coração
não quero me afastar de ti

devaneios
deitada na cama
nua
teu corpo colado ao meu
seria loucura?
cadê todo o amor que a mim foi prometido?
pactos de sangue
perdas
nenhuma novidade
ei, volte.

continuo aqui, sozinha no meio da noite
temendo os raios e trovoes
escutando a chuva e sonhando contigo
acordada, infelizmente
estou cansada, mas nunca de ti
me irrito e te peço perdão
sei que tentas ao maximo cuidar de mim

meu anjo
sei que tentas

mas olha
talvez a unica coisa que fosse me fazer bem, seria ter teus beijos ao amanhecer
teu abraço ao chegar do trabalho
um carinho no meio da tarde
ficar em silencio ao teu lado
ouvir as batidas de teu coração
e jurar, por deus nosso pai
que vou sempre te amar

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

"nunca sabe de nada", "não vê nada", "nem sei pra que ainda te pergunto"

- vá a merda. me deixem em paz. saiam daqui e fechem bem a porta. já vou lá para trancar.
droga, não devia ter jogado os cigarros fora naquele dia em que jurei parar, quando disse que tudo ficaria bem (e ficou, por duas semanas).
a dor está voltando, consumindo todo meu corpo lentamente. começou pelas pernas, agora já sinto uma cólica. o enjoo é permanente. omeprazol.
o telefone toca. respiro profundamente. não quero atender. deixo tocando, quem sabe a pessoa desista.

eu não quero morrer, não quero morrer, não quero. morrer.

sorrio, retoco o batom, ajeito o cabelo. e espero que ninguém perceba minha dor.
penso em minha futura casa. um apê bem pequeno, com uma varanda cheia de flores. não quero muitos móveis, apenas o essencial.
queria filhos, um casamento apaixonado, um trabalho menos entediante.
sou péssima atriz. todos notam meu vazio, minha angustia.
é como se meu peito pulsasse e todos vissem como dói.
todos olham mas ninguém vê

me apego a esses desejos para não dar fim a minha vida. me apego ao que quero ser, aonde quero chegar. me apego na esperança e quem sabe um dia, quem sabe talvez...
quem sabe?
não sei.